Dr. Bernard Pécoul, Diretor Executivo, DNDi
A criação da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) em 2003, como a de outras parcerias para desenvolvimento de produtos, foi a afirmação de um consenso: para doenças onde não existem incentivos comerciais para desenvolver novas ferramentas de diagnóstico, medicamentos ou vacinas, a pesquisa e o desenvolvimento só podem acontecer graças a modelos inovadores que reúnam parceiros públicos e privados.
Na assinatura da Declaração de Londres, há cinco anos, tivemos duas questões. A primeira foi melhorar o acesso às bibliotecas de compostos de empresas farmacêuticas, a fim de reabastecer o portfólio das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN). Temos testado cerca de três milhões de compostos nos últimos anos e temos desenvolvido um novo modelo inovador, o Consórcio Drug Booster para DTN, no qual cinco empresas compartilham seus conhecimentos e compostos. Hoje, a Merck está se juntando como o sexto membro do Booster.
A segunda questão foi construir parcerias com a indústria para desenvolver novos medicamentos para as DTN. Mencionarei apenas alguns: sobre a oncocercose, construímos uma parceria com a Bayer e outra com a AbbVie; para a doença de Chagas, trabalhamos estreitamente com Mundo Sano e com Eisai; estamos trabalhando com Eisai também em micetoma, uma das mais negligenciadas entre as doenças negligenciadas. Sobre a doença do sono, com a Sanofi esperamos ter um tratamento oral disponível no próximo ano que vai mudar totalmente a gestão da doença; e, por último, sobre a leishmaniose, estamos trabalhando com muitos parceiros diferentes para trazer um tratamento oral para uma doença de manejo extremamente difícil.
Mas, para sermos bem sucedidos, precisamos também de uma forte liderança da OMS e de um firme empenho por parte dos ministérios de saúde dos países endêmicos e dos programas de controle, bem como do envolvimento de instituições acadêmicas e de pesquisa públicas. Sem uma liderança pública forte, não podemos alcançar mudanças sustentáveis.
Por último, mas não menos importante, precisamos de investimentos neste campo – quero aproveitar esta oportunidade para agradecer aos doadores públicos e privados pelo seu apoio. Ainda não estamos no fim, hoje é uma boa oportunidade para nos lembrar da nossa responsabilidade de investir em inovação. Precisamos ter sucesso em oferecer tratamentos melhores e mais seguros para pacientes negligenciados.
Dr. Bernard Pécoul, Diretor Executivo da DNDi