Caminho para diagnóstico e tratamento de Chagas passa pela atenção primária

Caminho para diagnóstico e tratamento de Chagas passa pela atenção primária

Rio de Janeiro, 14 de abril de 2023

No Dia Mundial da doença, organizações defendem protagonismo da saúde básica para dar visibilidade e ofertar cuidado de qualidade a pacientes

Mais de um século depois da descoberta da Doença de Chagas, milhões de pessoas ainda permanecem infectadas, principalmente na América Latina, e a grande maioria delas não sabe sequer que tem a doença. Para tentar reverter essa situação de desconhecimento em relação ao problema e escassez de oferta de cuidados e diagnóstico aos pacientes, um grupo de organizações aproveita esse 14 de abril, Dia Mundial da Doença de Chagas, para chamar a atenção para a necessidade de integrar o atendimento de pacientes de Chagas à Atenção Primária à Saúde.

Se devidamente implantada, a integração permitirá que uma pessoa com Chagas tenha sua condição detectada no nível mais elementar de atendimento, que no Brasil é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), passando a ter acesso a tratamento e cura da doença, quando o diagnóstico for precoce.

A experiência de organizações como DNDi, Médicos Sem Fronteiras (MSF) e CUIDA Chagas, no Brasil e em outros países, tem demonstrado ser primordial implementar, já na saúde básica, ações de prevenção e de vigilância de pessoas e territórios em risco para doença de Chagas. Da mesma forma, a saúde básica deve ter mais protagonismo em políticas de diagnóstico, tratamento e cuidado das pessoas acometidas.

“Entendemos que o rastreio e o tratamento de Chagas podem e devem ser feitos na Atenção Básica de Saúde. Atualmente, só existem cuidados para esses pacientes em centros especializados, que ficam distantes de seus locais de moradia. Eles precisam viajar para conseguir tratamento ou ficam sem atendimento”, explica Andrea Silvestre, Investigadora Principal do CUIDA Chagas.

Chagas é uma doença tropical negligenciada (DTN) de abrangência global, mas que afeta principalmente as populações vulneráveis da América Latina. Estima-se que de 6 milhões a 8 milhões de pessoas são acometidas e mais de 75 milhões moram em áreas de risco de contágio, sendo que 1,12 milhão são mulheres em idade fértil.

Na América Latina, aproximadamente 12 mil pessoas morrem todos os anos por causa dessa doença e entre 8 mil e 15 mil bebês são infectados por meio da chamada transmissão vertical, aquela que pode acontecer durante a gravidez ou o parto. Sem tratamento, entre 30% e 40% dos afetados desenvolvem sérias complicações de saúde, principalmente no coração e no sistema digestivo. Mesmo diante de um cenário comum a outras DTNs, de pouco investimento em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, há tratamentos disponíveis que permitem controlar e até mesmo curar a doença, dependendo da fase do diagnóstico.

Maria Valdirene e seu filho, Gustavo, moram em Goiás, no Centro-Oeste do Brasil, e têm doença de Chagas: caso de transmissão materno-infantil. Crédito das fotos: Vinicius Berger/DNDi

O diagnóstico, o tratamento e o cuidado integral da doença de Chagas trazem benefícios importantes, incluindo a prevenção da transmissão vertical, a grande possibilidade de cura em bebês e o controle e redução da progressão para formas avançadas da doença em adultos. Todos esses benefícios podem ser conquistados caso exista conhecimento sobre as particularidades de cada contexto epidemiológico, protocolos adequados, conscientização social e maior investimento público e privado. Para isso, mecanismos de articulação institucional, pesquisa científica e inovação tecnológica são fundamentais para melhorar a informação disponível sobre o impacto socio-sanitário da doença e para viabilizar a implementação de mais ações e políticas concretas.

“É importante reconhecer que alguns avanços estão ocorrendo, mas é preciso ir além”, afirma Clara Alves, especialista de advocacy e assuntos humanitários de MSF. “É necessário garantir atendimento para todos em todo o país, e só será possível alcançar esse objetivo com a capacitação adequada dos profissionais de saúde e trazendo o atendimento para a ponta, ou seja, para as Unidades Básica de Saúde. Também é urgente avançar em estratégias de busca ativa para diagnóstico e garantir a sustentabilidade da oferta de tratamento”, afirma Clara.

Para marcar o Dia Mundial da Doença de Chagas, o Ministério da Saúde por meio do GT Chagas, realiza um evento internacional, que acontece no próprio dia 14 em Brasília.

Na abertura, haverá representantes do Ministério, da OPAS/OMS, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e da Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas (FINDECHAGAS). Na sequência, ocorrem duas mesas de debate: uma sobre a importância da inserção da doença na atenção primária e outra para tratar sobre os avanços na prevenção das diversas formas de transmissão. Os debates poderão ser acompanhados por este link.

O projeto CUIDA Chagas promove, também, atividades de mobilização e informação sobre a doença nos municípios onde a pesquisa de implementação está sendo desenvolvida: Rosário do Sul (RS), Janaúba (MG), Riachão da Neves (BA), Paraúna (GO) e Igarapé-Miri (PA).

 

Contatos para a imprensa:

Marcela Dobarro – DNDi América Latina

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