O alerta é da DNDi, organização que desenvolve tratamentos para doenças negligenciadas, presente na COP 30
Belém, Brasil, 13 de novembro de 2025 – A iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) participará hoje, durante a COP 30, da discussão sobre o Plano de Ação de Saúde de Belém, projeto liderado pelo Brasil que propõe ações integradas para fortalecer a adaptação e resiliência dos sistemas de saúde frente às mudanças climáticas. A reunião será liderada pelo ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha. Esta é a primeira vez que a adaptação da saúde às mudanças climáticas está no centro da agenda de uma Conferência das Partes (COP).
“A crise climática é uma crise global de saúde. Para muitas doenças tropicais negligenciadas (DTNs) sensíveis ao clima, nossos sistemas de saúde carecem de ferramentas para diagnosticar, tratar e proteger as pessoas em maior risco. Precisamos urgentemente de inovação médica. Os cientistas da DNDi já estão trabalhando nisso, com o desenvolvimento de tratamentos para dengue, leishmaniose, doença do sono, Chagas e outras DTNs. Esses tratamentos serão essenciais para ajudar os sistemas de saúde e as populações vulneráveis a se adaptarem às mudanças climáticas”, afirma o Dr. Sergio Sosa-Estani, diretor regional da DNDi para a América Latina.
A DNDi é uma organização global sem fins lucrativos que pesquisa e desenvolve tratamentos para doenças negligenciadas, como dengue, leishmaniose, doença do sono e doença de Chagas. Muitas dessas enfermidades são transmitidas por vetores e serão agravadas pelas alterações de temperatura e eventos climáticos extremos.
“As mudanças climáticas não são mais uma ameaça distante. Já há estudos mostrando que as alterações no clima estão intensificando os surtos de doenças negligenciadas transmitidas por vetores em regiões existentes e se expandindo para áreas onde nunca foram observadas antes”, acrescenta Dr. Sosa-Estani. “Esse é o caso da dengue, que pode se tornar uma ameaça crescente no sul dos Estados Unidos, sul da Europa e novas áreas da África”.
Em 2024, por exemplo, o Brasil enfrentou um surto de dengue sem precedentes. Mais de 6,5 milhões de pessoas foram afetadas, resultando em 6.297 mortes, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O Rio Grande do Sul registrou seu primeiro surto de dengue, com o número de casos saltando de 38.798 em 2023 para 224.766 em 2024.
“As populações negligenciadas que sofrem com essas doenças serão afetadas de forma desproporcional. Décadas de progresso no controle e na eliminação dessas doenças mortais e debilitantes estão comprometidas”, diz Sosa-Estani. “A justiça climática nessa área depende de inovação médica inclusiva, com os países endêmicos na liderança e as comunidades no centro: não basta apenas investir na descoberta e no desenvolvimento de ferramentas de saúde — medicamentos, vacinas e diagnósticos para responder a doenças sensíveis ao clima —, elas também precisam ser acessíveis às pessoas que mais precisam delas. Isso é crucial para fortalecer a resiliência de nossos sistemas de saúde para lidar com os impactos das mudanças climáticas”, conclui Sosa-Estani.
SOBRE A DNDi
A iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês) é uma organização sem fins lucrativos de pesquisa médica que descobre, desenvolve e disponibiliza tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para populações negligenciadas. A DNDi desenvolve medicamentos para doença do sono, leishmaniose, doença de Chagas, oncocercose (cegueira dos rios), filariose linfática, esquistossomose genital feminina, micetoma, dengue, HIV pediátrico, meningite criptocócica e hepatite C. Suas prioridades de pesquisa incluem saúde infantil, equidade de gênero e P&D sensível a gênero, além de doenças impactadas pelas mudanças climáticas. Desde sua criação, em 2003, a DNDi tem colaborado com parceiros públicos e privados em todo o mundo para entregar 13 novos tratamentos para seis doenças letais, salvando milhões de vidas. dndial.org
INFORMAÇÕES PARA IMPRENSA
Vânia Alves – valves@dndi.org