- Exame de sangue e o medicamento são gratuitos pelo SUS.
- Mobilização une futebol e comunidade médica
- Número de pacientes no Brasil poderia lotar a Arena Castelão 40 vezes – ou o estádio dos Aflitos 109 vezes.
Jogadores, médicos, dirigentes, professores, cientistas, estudantes e representantes de secretarias de saúde estaduais, com apoio do Grupo Técnico de doença de Chagas do Ministério da Saúde, se unem em campanha que convida a população dos estados do Nordeste a conhecer e buscar diagnóstico e tratamento da doença de Chagas. O exame e o tratamento são gratuitos no sistema de saúde.
“Vamos vencer o jogo contra a doença de Chagas”, convoca Diego Souza, atacante do Sport de Recife e da seleção, que apoia a campanha junto com colegas de vários clubes do Nordeste. A ação é fruto de parceria entre a organização internacional sem fins lucrativos Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês de Drugs for Neglected Diseases Initiative) e a Copa do Nordeste de futebol, por meio do programa Nordeste Cuida.
O número de pacientes no Brasil poderia lotar a Arena Castelão, de Fortaleza, 40 vezes – ou o estádio dos Aflitos, em Recife, 109 vezes. Nem 1% dos casos foi diagnóstico e tratado. Estes dão os dados publicados no ano passado pelo último Consenso Brasileiro de Chagas, que identifica cerca de 2,5 milhões de pacientes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima 1,2 milhão de pacientes.
“Esperamos com a campanha e o apoio da Copa do Nordeste expandir o acesso ao tratamento no Brasil para pacientes recém-infectados e pessoas que já estão no estágio mais crônico da doença”, comenta Alberto Novaes, médico pesquisador da Universidade Federal do Ceará que lidera a articulação da rede e encabeçou a reformulação do Consenso Brasileiro em Doença de Chagas no ano passado.
“Com o futebol, estamos alcançando pessoas que, de outra forma, não alcançaríamos, ao falar diretamente com as pessoas da região Nordeste, uma das mais afetadas pela doença de Chagas”, diz Carolina Batista, diretora médica da DNDi. “Mesmo aumentando o número de pacientes tratados, precisamos lembrar que ainda há muito que fazer. Queremos melhorar os tratamentos disponíveis hoje, desenvolver remédios ainda mais eficazes e seguros, com tempo menor de tratamento. Este também é o papel da DNDi”, lembra.
Postos e centros de saúde em geral podem tirar dúvidas sobre procedimentos. Além disso, o Nordeste conta com uma rede de especialistas em doença de Chagas. No quadro abaixo os centros de atenção para atendimento na região: em Recife, Salvador, Fortaleza, São Luiz e Natal.
“Para diagnosticar a doença basta um exame de sangue realizado pelo SUS, nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública. O medicamento é fornecido pelo Ministério da Saúde às Secretarias Estaduais de Saúde, que se encarregam de disponibilizá-lo às regionais e/ou munícipios. Tanto o teste quanto o tratamento são gratuitos. A indicação de tratamento depende de avalição clínica da doença pelo médico”, explica Veruska Maia da Costa, do Ministério da Saúde.
A doença de Chagas
A doença de Chagas começa com uma fase inicial aguda, com duração de cerca de dois meses. A fase crônica é tardia, dura por toda a vida, e nela até 30% dos pacientes sofrem danos ao coração com risco de morte e até 10% apresentam comprometimento do sistema digestivo.
A transmissão da doença pode acontecer de quatro maneiras:
- Pela picada do barbeiro infectado;
- Por transfusão de sangue;
- Da mãe para filho durante a gestação ou o parto;
- Pela ingestão de alimentos contaminados.
No Nordeste, ainda há registros de transmissão pelo barbeiro e por alimentos, por isso a preocupação. Os bancos de sangue realizam o teste da doença em candidatos a doação e o acompanhamento pré-natal tem identificado mulheres infectadas.
Onde posso ser atendido para saber se tenho Chagas?
Alguns grupos merecem especial atenção para a suspeição e diagnóstico da doença de Chagas:
- Pessoas com história de Chagas na família, especialmente mãe e irmãos
- Aqueles que viveram/vivem em áreas rurais, em habitações onde possa ter ocorrido contato com o barbeiro (casas de taipa, pau-a-pique, etc.);
- Pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1992;
- Pessoas que foram positivas para Chagas em triagem para doação de sangue e não fizeram os exames confirmatórios.
Cidade/Estado |
Unidade de Atenção |
Telefone |
Endereço |
Recife
Pernambuco |
Casa do Paciente Portador de Doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca de Pernambuco |
(81) 3181-7211/7214 |
R. Arnóbio Marquês, 310 – Santo Amaro
Recife/PE
50100-130 |
Salvador
Bahia |
Centro de Atenção à Saúde Prof. Dr. José Maria de Magalhães Netto |
(71) 3116-0058 |
Av. Antônio Carlos Magalhães s/ n – Iguatemi
Salvador/BA
41820-000 |
Fortaleza
Ceará |
Ambulatório de Infectologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, Universidade Federal do Ceará (UFC) |
(85) 3366 8167 |
Rua Capitão Francisco Pedro, 1290 – Rodolfo Teófilo
Fortaleza/CE
60430-370 |
São Luís
Maranhão
|
Unidade Hospitalar de Referência para Pacientes Portadores de Chagas – Hospital Presidente Vargas |
(98) 3243-9809 |
Rua 5 de Janeiro, 166 (J Hordoa), São Luís/MA
65040 – 055 |
Natal
Rio Grande do Norte |
Hospital Giselda Trigueiro (HGT) |
(84) 3232-7900 |
Rua Cônego Monte, 110 – Quintas
Natal/RN
59037-170 |
Além desses locais, é possível ter atendimento em postos da rede pública de saúde.