Brasil passa a integrar estudo ANTICOV para identificar tratamentos precoces para COVID-19

RIO DE JANEIRO / GENEBRA – 5 de julho de 2022 – O estudo ANTICOV, um ensaio clínico de plataforma cujo objetivo é encontrar tratamentos precoces para casos leves a moderados de COVID-19 e que está em andamento em 13 países africanos, está se expandindo para o Brasil através de uma colaboração com a equipe do estudo TOGETHER, uma parceria entre Brasil e Canadá que está conduzindo outro grande ensaio de plataforma no país.

“A pandemia de COVID-19 ainda está longe de acabar. Novas ondas, provocadas por novas variantes do vírus, continuam sobrecarregando os sistemas de saúde de todo o mundo”, afirma a Dra Nathalie Strub-Wourgaft, diretora da resposta à COVID-19 da organização de pesquisa e desenvolvimento sem fins lucrativos Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), que coordena o consórcio ANTICOV.

“Ainda precisamos de tratamentos orais para a COVID-19 que sejam seguros, acessíveis e estejam disponíveis globalmente. Precisamos de medicamentos de fácil administração para pacientes ambulatoriais diagnosticados em até sete dias desde o surgimento dos primeiros sintomas. O estudo TOGETHER já identificou dois tratamentos eficazes para pacientes com sintomas leves a moderados e recebemos de braços abertos esta parceria com os pesquisadores no Brasil.”

Lançado em setembro de 2020, o ANTICOV é uma colaboração que atualmente envolve 27 parceiros de instituições de pesquisa de primeira linha e organizações de saúde internacionais para identificar tratamentos para COVID-19 que sejam otimizados para uso em países de baixa e média renda (PBMR) e que impeçam o agravamento da doença.

O ensaio ANTICOV no Brasil incluirá até 600 pacientes e será realizado em até 21 locais. Os dados obtidos serão agregados aos do estudo ANTICOV realizado em 13 países africanos.

“O objetivo do ANTICOV é identificar o melhor regime de tratamento para uso em estratégias de ‘testar e tratar’ em PBMR, prevenindo a evolução da doença para a forma grave, possivelmente limitando a transmissão, reduzindo o risco de desenvolvimento da COVID de longa duração e prevenindo as internações e mortes que periodicamente ameaçam sobrecarregar os hospitais”, explica o Dr. Gilmar Reis, professor assistente da Universidade Católica de Minais Gerais e co-pesquisador principal do estudo TOGETHER. “Essa é uma prioridade de pesquisa e a expansão do ensaio ANTICOV para o Brasil nos deixa mais perto desse objetivo.”

Até agora, mais de 6.000 pacientes já se inscreveram no estudo TOGETHER, que avaliou 11 tratamentos para pacientes com casos leves a moderados de COVID-19. Em agosto de 2021, o estudo mostrou que um composto chamado fluvoxamina é eficaz contra COVID-19 e pode reduzir as mortes e internações em até 30%. Mais recentemente, em março de 2022, o estudo descobriu que o tratamento precoce com peginterferon lambda reduziu as internações ou mortes em 60%.

O ensaio ANTICOV no Brasil começará testando uma nova combinação de medicamentos, de fluoxetina e budesonida inalatória. Fluoxetina é um antidepressivo seguro amplamente disponível que pertence à mesma classe de compostos da fluvoxamina. Budesonida é um corticosteroide inalatório seguro e acessível que se acredita ter eficácia anti-inflamatória contra a COVID-19. Estudos mostram que, se tomado bem cedo, budesonida melhora o tempo de recuperação de pacientes ambulatoriais com COVID e pode reduzir internações e mortes. A combinação poderia ser eficaz para o primeiro estágio da infecção, de replicação viral, além de diminuir o impacto do estágio inflamatório, mais tardio, que pode se iniciar alguns dias depois.

Este é o quinto braço de pesquisa testado pelo ANTICOV. O ANTICOV é um ensaio de “plataforma adaptativa”, um desenho inovador e flexível que permite adicionar ou remover tratamentos à medida que surgem novas evidências. Dados do ensaio ANTICOV já demonstraram que a combinação dos medicamentos nitazoxanida e ciclesonida tem baixa probabilidade de reduzir o risco de internação em pacientes ambulatoriais com COVID-19 em comparação com paracetamol.

A seleção de fármacos para o ANTICOV é informada por avaliações conduzidas por um grupo de trabalho de especialistas coordenado pela Unitaid, Wellcome e Global-Fund e liderado pela parceria terapêutica do Acelerador de Acesso a Ferramentas para COVID-19 (Access to COVID-19 Tools Accelerator, ACT-A). O estudo será estendido ao sul da Ásia em breve.

O principal financiamento do consórcio ANTICOV vem do Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha, através do KfW, e da agência de saúde global Unitaid, como parte do ACT-A. Apoio adicional é recebido da Parceria para Ensaios Clínicos de Países Europeus e em Desenvolvimento (EDCTP) no âmbito do segundo programa apoiado pela União Europeia com financiamento adicional do governo sueco, além da Fundação Internacional Starr e a Fundação Stavros Niarchos.

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Co-pesquisador principal, ensaio TOGETHER
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+1 604 731 0688

 

Lista de parceiros do ANTICOV

O consórcio ANTICOV está mobilizando uma ampla rede de parceiros diversos, com experiência reconhecida em pesquisa clínica. Os 27 membros do consórcio ANTICOV são:

ALIMA (The Alliance for International Medical Action), França/Senegal

ANRS | Maladies infectieuses émergentes, França

Bahir Dar University, Etiópia

Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal), Espanha

Bernhard-Nocht-Institut für Tropenmedizin (BNITM), Alemanha

Centre Muraz, Institut National de Santé Publique, Burkina Faso

Centre for Research in Therapeutic Sciences, Quênia

Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, Moçambique

Centro de Investigação e Treino em Saúde da Polana Caniço (CISPOC), Instituto Nacional de Saúde, Moçambique

Centre Pasteur du Cameroun (CPC), Camarões

Centre Pour Le Développement Des Vaccins, Ministry of Health, Mali

Centre Suisse de Recherches Scientifiques (CSRS), Costa do Marfim

Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), Suíça (parceiro coordenador)

Epicentre, França

FIND, the global alliance for diagnostics, Suíça

Ifakara Health Institute, Tanzânia

Infectious Diseases Data Observatory (IDDO), Reino Unido

Institute of Endemic Diseases, University of Khartoum, Sudão

Institute of Tropical Medicine, Antwerp (ITM), Bélgica

Institut National de Recherche Biomédicale (INRB), República Democrática do Congo

The Kenya Medical Research Institute (KEMRI), Quênia

Kumasi Centre for Collaborative Research in Tropical Medicine (KCCR), Gana

Medicines for Malaria Venture (MMV), Suíça

Swiss Tropical and Public Health Institute (Swiss TPH), Suíça

Ensaio TOGETHER, Brasil, Canadá

Université de Bordeaux – Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (INSERM), França

University of Gondar, Etiópia

 

O desenho inovador e flexível do ensaio de plataforma ANTICOV foi desenvolvido por Berry Consultants, LLC, uma empresa de consultoria em estatística especializada no uso da abordagem bayesiana para estatísticas médicas.

 

Sobre a DNDi

A DNDi é uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento que trabalha para disponibilizar novos tratamentos para pacientes com doenças negligenciadas, em especial aqueles que sofrem de doença de Chagas, doença do sono (tripanossomíase humana africana), leishmaniose, filarioses, micetoma, HIV pediátrico e hepatite C. A DNDi também está coordenando o ensaio clínico do ANTICOV para encontrar tratamentos para casos leves e moderados de COVID-19 em contextos com recursos limitados. Desde sua criação, em 2003, a DNDi disponibilizou doze tratamentos novos, incluindo novas combinações de medicamentos para a leishmaniose visceral, dois antimaláricos de dose fixa e a primeira entidade química que desenvolveu, o fexinidazol, aprovada em 2018 para o tratamento dos dois estágios da doença do sono. www.dndi.org

 

Sobre o TOGETHER

O Ensaio TOGETHER representa uma colaboração internacional de vários parceiros comprometidos com a prevenção da morte e a melhoria dos resultados clínicos para todas as pessoas afetadas pela COVID-19. Recursos e conhecimentos de todos os países que fazem parte da rede TOGETHER estão sendo usados para identificar possíveis usos novos para medicamentos existentes, que poderiam ser aplicados na prevenção da mortalidade e morbidade relacionada à COVID-19. Este ensaio internacional é apoiado financeiramente por um mix de empresas de biotecnologia e agências filantrópicas do setor privado, que dedicaram recursos financeiros à luta contra a COVID-19 em países de baixa e média renda. www.togethertrial.com

 

 

 

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