Tratamento pediátrico para malária desenvolvido no Brasil por organizações sem fins lucrativos é distribuído a crianças indígenas na região amazônica

Tratamento pediátrico para malária desenvolvido no Brasil por organizações sem fins lucrativos é distribuído a crianças indígenas na região amazônica

No Brasil, 99% dos casos de malária estão localizados na região amazônica e um terço das pessoas afetadas são crianças menores de 13 anos.

Rio de Janeiro, 24 de junho de 2024 – Um tratamento pediátrico contra a malária desenvolvido em parceria com o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e a organização de pesquisa médica sem fins lucrativos iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), será distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de crianças indígenas na Amazônia.

O artesunato+mefloquina, também conhecido como ASMQ, foi desenvolvido no Brasil como um bem público não exclusivo e sem fins lucrativos por uma coalizão de parceiros, incluindo Farmanguinhos/Fiocruz e DNDi, para enfrentar o problema da crescente resistência aos tratamentos disponíveis, causada pelo Plasmodium falciparum, cepa endêmica que é a principal causa da malária grave no Brasil. O ASMQ é uma combinação de medicamentos em dose fixa que é segura, eficaz, acessível, adaptada às condições tropicais e conveniente para os pacientes usarem. Pode ser administrado em crianças, a partir dos seis meses de idade.

Mais de 130 mil casos e 62 mortes foram registrados no Brasil em 2022, com 99% dos casos ocorrendo na região amazônica. Entre os mais de 1,5 milhão de casos de malária identificados na Amazônia brasileira de 2013 a 2022, 29% foram em crianças de até 12 anos.

Em janeiro de 2023, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública na região para tratar de questões de acesso à saúde para as populações que vivem no território Yanomami. Uma das principais motivações por trás dessa decisão é a malária, que atingiu um número recorde de casos (25.900) em 2023 e continua sendo uma das principais causas de internações e mortes na região em 2024.

“O tratamento oferece muitas vantagens. Tem poucos efeitos colaterais e foi projetado para atender às necessidades específicas das crianças, que são as principais vítimas da malária em todo o mundo. Os comprimidos são pequenos e podem ser esmagados, com fácil administração. Os pacientes sentem-se melhor no primeiro dia de tratamento. Na minha opinião, a facilidade de uso e a rapidez de recuperação fazem do ASMQ o maior avanço no tratamento da malária dos últimos 15 anos”, disse Jorge Mendonça, diretor de Farmanguinhos.

O ASMQ combina duas moléculas, artesunato e mefloquina, em um tratamento único e simplificado. Ele foi desenvolvido através de um modelo farmacêutico único, de ciência aberta e com direito a genérico.

Estudos para comprovar sua segurança e eficácia foram realizados na Tailândia e no Brasil. O medicamento foi registrado no Brasil em 2008 e incorporado ao Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária em 2010.

As transferências de tecnologia Sul-Sul também permitiram que o medicamento fosse fabricado na Índia, para atender às necessidades dos pacientes na Ásia.

“Este modelo bem-sucedido de desenvolvimento farmacêutico colaborativo sem fins lucrativos, liderado por um país endêmico para atender às necessidades específicas de sua população, pode nos ensinar muitas lições valiosas sobre o desenvolvimento de novos tratamentos para outras doenças que exigem atenção urgente – inclusive para combater a epidemia de dengue de rápida disseminação”, disse o Dr. Sergio Sosa Estani, diretor da DNDi América Latina.

“Estamos entusiasmados em ver que o ASMQ é usado como um tratamento de primeira linha para crianças indígenas na região amazônica. Reconhecemos o Ministério da Saúde do Brasil por seu trabalho para garantir o acesso das crianças aos tratamentos contra a malária”. 

A região amazônica onde o ASMQ será distribuído compreende aos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. 

Sobre Farmanguinhos 

Fundado em 1976, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/ Fiocruz) é uma unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que atua de forma multidisciplinar nas áreas de educação, pesquisa, inovação, desenvolvimento tecnológico e produção de medicamentos.

Laboratório farmacêutico oficial vinculado ao Ministério da Saúde, Farmanguinhos é mais do que uma fábrica de medicamentos, é um Instituto de Ciência e Tecnologia em Saúde.  Além de pesquisar, desenvolver e produzir medicamentos essenciais para a população brasileira, o Instituto se destaca ainda na luta pela redução de custos de medicamentos, permitindo a ampliação do acesso de mais pessoas aos programas de saúde pública.

Sobre a DNDi 

A iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) é uma organização de pesquisa médica sem fins lucrativos que descobre, desenvolve e oferece tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para pessoas negligenciadas. A DNDi está desenvolvendo medicamentos para doença do sono, leishmaniose, doença de Chagas, filarioses, micetoma, dengue, HIV pediátrico, HIV avançado, meningite criptocócica e hepatite C. As prioridades de pesquisa incluem saúde infantil, equidade de gênero e P&D que considera gênero, e doenças impactadas pelas mudanças climáticas. Desde a sua criação em 2003, a DNDi juntou-se a parceiros públicos e privados em todo o mundo para oferecer 13 novos tratamentos, salvando milhões de vidas.

O apoio financeiro e técnico para o desenvolvimento do ASMQ foi fornecido por Farmanguinhos da Fiocruz; TDR-OMS, Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais; a União Europeia (através da Parceria-Quadro 5); a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD); o Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos (DGIS); Médicos Sem Fronteiras Internacional; a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) e o Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional.

A DNDi transferiu a implementação de seus projetos relacionados à malária para o Medicine for Malaria Venture (MMV) em 2015.

Contatos de mídia 

Farmanguinhos
Arielle Curti
Telefone: +55 (21) 3348-5166
E-mail: comunicação.far@fiocruz.br 

DNDi
Frédéric Ojardias (em Genebra)
Celular: +41 79 431 62 16
E-mail: fojardias@dndi.org

Ajude os pacientes negligenciados

Até o momento, desenvolvemos nove tratamentos para doenças negligenciadas, salvando milhões de vidas. Temos o objetivo de disponibilizar 25 novos tratamentos em nossos primeiros 25 anos. Você pode nos ajudar!

Organização internacional, sem fins lucrativos, que desenvolve tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para os pacientes mais negligenciados.

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