No Dia Mundial da Doença de Chagas, 14 de abril, as organizações da Coalizão Global de Chagas compartilham e incentivam você a assumir seis compromissos para intensificar os esforços na eliminação dessa doença como um problema de saúde pública:

1. Mais acesso a cuidados abrangentes e integrais
2. Mais investimentos em P&D.
3. Mais apoio à vigilância, ao controle e ao monitoramento de casos.
4. Mais treinamento e conscientização para profissionais de saúde e comunidades em risco.
5. Mais fortalecimento dos sistemas de saúde para a implementação abrangente de cuidados e integração das pessoas afetadas.
6. Mais visibilidade e informações sobre a doença de Chagas em nível social, em diferentes ambientes.

Os países afetados se comprometeram a controlar essa doença parasitária até 2030. Atualmente, mais de 70 milhões de pessoas estão em risco e a infecção afeta diretamente 7 milhões, a maioria delas na América Latina, embora também esteja presente em muitos países do mundo com migração de origem latina.

As organizações que compõem a Coalizão Global de Chagas desejam compartilhar o manifesto com os seis compromissos em que todas elas trabalham a partir de suas diferentes disciplinas, desde a pesquisa, prevenção,  implementação de projetos ou atendimento direto para apoiar a realização da meta final.

Progresso. Diagnóstico e tratamento. Barreiras ao atendimento.

Até o momento, podemos avaliar alguns avanços, como o controle de vetores, a detecção de doadores positivos para o parasita T. cruzi em bancos de sangue, o crescente interesse em integrar a triagem e o tratamento da doença de Chagas em mulheres em idade fértil e em programas de saúde sexual e reprodutiva de rotina, pesquisas para melhorar as ferramentas de diagnóstico e tratamento, bem como os modos de transmissão e a eficácia dos tratamentos.

A boa notícia é que os testes de diagnóstico e os medicamentos estão disponíveis atualmente, mas existem enormes barreiras para que eles cheguem a tempo às pessoas que precisam deles. Estima-se que mais de 12.000 pessoas morreram somente no ano passado. E essa é apenas uma estimativa.

A doença de Chagas tem sido a metáfora perfeita para a negligência. E é por isso que ela é um problema urgente de saúde pública. O momento de prestar atenção é agora.

Porque agora, diante das gravíssimas incertezas e dos cortes de financiamento na cooperação e na saúde global, é o momento de recuperar forças, adaptar planos ao novo cenário e reafirmar nossos compromissos. Portanto, as organizações da Coalizão Global da Doença de Chagas pedem aos governos, doadores e organizações interessadas que se unam ao compromisso de redobrar os esforços nas seguintes áreas prioritárias:

1. Melhorar ainda mais o acesso ao diagnóstico, ao tratamento e à assistência integral às pessoas afetadas pela doença de Chagas em todas as suas dimensões.
2. Incentivar o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas ferramentas diagnósticas e terapêuticas que permitirão um acesso mais rápido às populações que delas necessitam, bem como avaliar o progresso das pessoas tratadas rumo à cura. Atualmente, o investimento em P&D para Chagas representa apenas 0,6% de todo o investimento em P&D para doenças negligenciadas, o que já é muito pequeno em comparação com o investimento em saúde global.
3. Melhorar a vigilância e o controle da doença, expandindo os sistemas de notificação obrigatória de casos de Chagas e complicações clínicas.
4. Fortalecer e facilitar o acesso a ferramentas de treinamento e consulta para profissionais de saúde e pessoas afetadas, a fim de oferecer atendimento atualizado e de alta qualidade.
5. Incentivar a coordenação entre todos os atores envolvidos nas vias de atendimento integral e garantir a participação das pessoas afetadas e suas associações na elaboração e implementação de estratégias adaptadas aos contextos epidemiológicos e socioculturais de suas comunidades.
6. Continuar a apoiar ações de visibilidade como uma oportunidade de mostrar os esforços globais para reduzir o impacto da doença, bem como promover ações para melhorar o acesso à assistência integral.

Esses compromissos, conhecidos como Manifesto de Bogotá, são uma proposta e uma estrutura para acompanhar a luta das pessoas e dos países afetados. Não podemos perder a oportunidade desta década crucial para nos aproximarmos da doença de Chagas como um problema de saúde pública, de acordo com os objetivos acordados no âmbito da OMS/OPAS. Juntos somos mais e podemos fazer mais.

Sobre a doença de Chagas:

• A doença de Chagas afeta aproximadamente 7 milhões de pessoas.
• Ela é endêmica em 21 países das Américas e é um problema de saúde global.
• Nas Américas, a doença de Chagas tem uma incidência média anual de 30.000 novos casos, 12.000 mortes por ano e aproximadamente 9.000 recém-nascidos são infectados durante a gestação.
• Estima-se que cerca de 75 milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente nas Américas, correm o risco de contrair a doença.
• Pode ser transmitida pela picada direta de triatomíneos (transmissão vetorial), por meio de alimentos e bebidas infectados (via oral), durante a gravidez ou o parto (vertical), por meio de sangue/produtos sanguíneos ou transplante de órgãos e acidentes de laboratório.
• 30% das pessoas cronicamente infectadas desenvolvem distúrbios cardíacos e 10% desenvolvem distúrbios digestivos, neurológicos ou mistos que exigirão tratamento específico.
• A doença de Chagas recebeu menos de 0,7% do investimento total em todas as doenças negligenciadas.
• 1,1 milhão de mulheres em idade fértil estão vivendo com a infecção pelo parasita cruzi na América Latina.
• Apesar das ferramentas terapêuticas disponíveis, a grande maioria das pessoas necessitadas ainda não têm acesso ao diagnóstico e ao atendimento abrangente.

A Coalizão Global de Chagas foi fundada por organizações de pesquisa, atendimento clínico e do setor privado e reúne mais de 20 parceiros e observadores do setor público e pessoas afetadas para defender um maior acesso ao atendimento abrangente.

Para obter mais informações: www.coalicionchagas.org