Seminário internacional discute desenvolvimento de tratamento de dengue para populações descobertas pelas vacinas

Seminário internacional discute desenvolvimento de tratamento de dengue para populações descobertas pelas vacinas

Ensaios clínicos, conduzidos pela Aliança Dengue, de dois medicamentos deverão ser realizados no Brasil a partir do segundo semestre de 2026

Brasília, 27 de novembro de 2025 – Pesquisadores e autoridades de saúde do Brasil, Índia, Malásia e Tailândia participaram ontem (26/11), em Brasília, do seminário “Cooperação do Sul Global na Busca por Tratamentos para Dengue”. O evento foi organizado pela Aliança Dengue – movimento composto pela Fiocruz, pela organização Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e por institutos de saúde e pesquisa da Malásia, Índia e Tailândia – com o apoio da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) e do Ministério da Saúde brasileiro.

O encontro teve o objetivo de debater a importância da cooperação científica liderada pelo Sul Global para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento de novas ferramentas contra a doença. Hoje as estratégias de combate à dengue se concentram na redução da transmissão pelo mosquito Aedes aegypti e na aplicação de vacinas desenvolvidas nos últimos anos, que ainda não é fabricada em escala suficiente para toda a população e é recomendada apenas para algumas faixas etárias.

“Diante da expansão da transmissão da dengue – tanto geograficamente quanto em elevação do número de casos – é necessário aumentar o leque de opções com o desenvolvimento de medicamentos eficazes e acessíveis para atender pessoas não cobertas pelas vacinas.  Apesar dos avanços no campo da prevenção, ainda não existem terapias capazes de reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde que colapsam em tempos de epidemia de dengue”, diz Dr. André Siqueira, diretor do programa de dengue da DNDi e um dos cientistas envolvidos no ensaio clínico da vacina de dose única anunciada ontem pelo Butantan.  “É essencial que o combate à dengue seja conduzido de maneira integrada, inovadora e colaborativa, utilizando todas as ferramentas disponíveis e desenvolvendo novas soluções para os países mais afetados”, completou.

Os pesquisadores também discutiram os próximos passos da Aliança Dengue que em 2026 iniciará ensaios clínicos para avaliar a eficácia de pelo menos dois medicamentos de combate à doença. O primeiro ensaio no Brasil tem início previsto para o segundo semestre.

“Pretendemos fortalecer laços com governos, instituições acadêmicas e parceiros nacionais e internacionais, construindo um caminho colaborativo para o desenvolvimento de terapias acessíveis e sustentáveis. Temos os desafios, mas temos também o compromisso, a expertise e a convicção de que a cooperação é nossa principal força”, disse Dra. Viviane Boaventura, médica pesquisadora da Fiocruz e representante institucional do instituto na Aliança Global.

Há duas semanas, a Comissão Europeia para a Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências em Saúde (DG HERA), que também esteve presente no seminário, anunciou investimento de 20 milhões de euros, via agência francesa de desenvolvimento Agência Francesa de Desenvolviamento (AFD), no desenvolvimento de pelo menos dois novos medicamentos. Os ensaios clínicos serão realizados no Brasil, Índia, Malásia e Tailândia.

Dr. Siqueira lembrou que embora seja mais comum em regiões tropicais, já há registros da expansão da dengue para áreas anteriormente não afetadas, incluindo partes da Europa e dos Estados Unidos. “A crise climática já coloca a dengue como um problema global e precisa de atenção mundial. Este investimento da União Europeia é extremamente necessário e estamos agora em negociação para conseguir apoio financiamento também dos governos dos países endêmicos, como do Brasil”, afirmou Dr. Siqueira.

Durante o evento, Dr. Siqueira também destacou declarações recentes do presidente Lula e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sobre a importância de ampliar a produção local de medicamentos e garantir acesso equitativo a tratamentos.

Cerca de 3,9 bilhões de pessoas vivem sob o risco de contrair dengue. O número de casos vem dobrando ano após ano desde 2021, impulsionado pelas mudanças climáticas. Apesar do crescente impacto da doença, ainda não existe um medicamento antiviral específico para tratar os pacientes.

Sobre a Aliança Dengue

Aliança Dengue é uma iniciativa do Sul Global para impulsionar inovação, colaboração e novos tratamentos contra a dengue. Ela também é composta pelas seguintes instituições, presentes no seminário: Faculdade de Medicina do Hospital Siriraj (Tailândia), Ministério da Saúde da Malásia e Instituto de Ciência e Tecnologia em Saúde Translacional (THSTI) da Índia. Esses três países também sediarão, junto com o Brasil, os ensaios clínicos necessários para testar os candidatos a medicamento.

Sobre a DNDi

A iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês) é uma organização sem fins lucrativos  que pesquisa , desenvolve e disponibiliza tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para populações negligenciadas. A DNDi desenvolve medicamentos para doença do sono, leishmaniose, doença de Chagas, oncocercose (cegueira dos rios), filariose linfática, esquistossomose genital feminina, micetoma, dengue, HIV pediátrico, meningite criptocócica e hepatite C.

Sobre a Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é a maior instituição de pesquisa biomédica da América Latina e produz vacinas e medicamentos para abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Vinculada ao Ministério da Saúde, foi criada em 25 de maio de 1900 para fabricar inicialmente soros e vacinas contra a peste bubônica. Desde então, a instituição experimentou uma intensa trajetória, que se confunde com o desenvolvimento da saúde pública no Brasil.

Atualmente, a Fiocruz está instalada em 10 estados, além do Distrito Federal, e conta com um escritório em Maputo, capital de Moçambique, na África. Além dos institutos sediados no Rio de Janeiro, mantém unidades nas regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Sul do Brasil, e escritórios no Ceará, Mato Grosso do Sul, Piauí e Rondônia. Ao todo, são 16 unidades técnico-científicas, voltadas para ensino, pesquisa, inovação, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão no âmbito da saúde. Para mais informações, acesse https://agencia.fiocruz.br/.

Ajude os pacientes negligenciados

Até o momento, desenvolvemos nove tratamentos para doenças negligenciadas, salvando milhões de vidas. Temos o objetivo de disponibilizar 25 novos tratamentos em nossos primeiros 25 anos. Você pode nos ajudar!

Organização internacional, sem fins lucrativos, que desenvolve tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para os pacientes mais negligenciados.

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