No último dia 20 de maio, foi realizado em Bogotá o II Encontro de Lideranças Afetadas pela Doença de Chagas. Promovido com o apoio da DNDi e do Ministério da Saúde, o evento teve como objetivo fortalecer a liderança coletiva e informar aos pacientes sobre acesso ao tratamento e benefícios sociais. Cerca de 15 pessoas vivendo com Chagas participaram do evento, que fez parte das atividades realizadas ao longo de um mês para marcar o Dia Mundial de Chagas, celebrado no dia 14 de abril.
“Trabalhamos na formação de pacientes expertos, ou seja, pessoas que vivem com a doença, conhecem seu corpo, sua história e que, com informação e ferramentas adequadas, são capazes de exigir seus direitos, colaborar com o sistema de saúde e transformar sua realidade”, explica Diogo Galvão, membro da equipe da área de Acesso ao tratamento e diagnóstico de Chagas. “Essa formação oferece ferramentas e conhecimentos para fortalecer uma liderança que já existe nos territórios e que precisa ser reconhecida, valorizada e apoiada”

No primeiro módulo, inspirados pelas palavras de Paulo Freire que diz que “um líder não manda, caminha junto com o grupo”, os participantes iniciaram as atividades com dinâmicas de acolhimento nas quais compartilharam suas histórias e refletiram sobre a importância do conhecimento e liderança comunitária.
“Precisamos educar muito as pessoas, abrir os olhos da população, pois a maioria das pessoas, que vive onde esse inseto [o barbeiro] está presente, não sabe que ele é tão prejudicial. As pessoas só sabem que alguém morreu de repente, mas não conhecem o motivo”, disse Juan Bautista, que descobriu que tinha doença de Chagas depois de um ataque do coração que quase o levou à morte aos 50 anos.
O direito à saúde foi o tema da segunda parte do encontro. Profissionais do Ministério da Saúde ensinaram aos participantes como funciona o sistema de saúde colombiano e quais os serviços e benefícios disponíveis para as pessoas que vivem com Chagas.
“Em 10 ou 15 anos, queremos alcançar a eliminação da transmissão congênita como problema de saúde pública. Já temos bons indicadores. Nos últimos dez anos, por exemplo, aumentamos em 40% o número de pessoas com Chagas atendidas”, disse Maurício Vera responsável pelo Programa Nacional de Doença de Chagas do Ministério da Saúde colombiano. “Além disso, com a ajuda da DNDi reduzimos drasticamente a lacuna terapêutica, que é a diferença entre quantas pessoas devemos tratar e quantas estamos tratando. Essa lacuna que em 2012 era 90%, em 2023 foi reduzida para 50%”, completou.
Para finalizar, médicos da DNDi falaram sobre o contágio, transmissão e acesso a diagnóstico e tratamento da doença de Chagas.
O encontro reforçou o compromisso da DNDi em colaborar com pacientes e lideranças locais, promovendo um modelo de atendimento que respeite as particularidades culturais e sociais de cada comunidade.
