O novo minidocumentário da DNDi, As Crianças de Sierra, foi lançado oficialmente na Colômbia com exibições em três localidades — Bogotá, Valledupar e Machín — reunindo profissionais de saúde, representantes do governo, organizações humanitárias e membros da comunidade indígena Wiwa, protagonista da produção. O filme retrata os esforços conjuntos para o diagnóstico e tratamento da doença de Chagas em uma das regiões mais remotas da Colômbia.
As exibições fizeram parte das atividades realizadas ao longo de um mês para comemorar o Dia Mundial de Chagas, celebrado no dia 14 de abril, e foram seguidas de debates com especialistas, lideranças locais e representantes da DNDi e de instituições parceiras.
Bogotá: exibições no Ministério da Saúde e no Instituto Nacional de Saúde
A primeira exibição foi realizada no edifício do Ministério da Saúde em Bogotá, no dia 20 de maio, com a presença de mais de 70 participantes, incluindo representantes de farmacêuticas, organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF) e pacientes de Chagas — sendo 46 deles conectados online. Após o filme, houve um workshop voltado à formação de lideranças locais para fortalecer a resposta à doença. Saiba mais sobre o encontro aqui.
O painel foi composto por:
- Mauricio Vera, Coordenador de Gestão Integrada de Doenças Endêmicas e Epidêmicas do Ministério da Saúde da Colômbia
- Victor José Loperena, líder comunitário indígena Wiwa
- Andrea Marchiol, coordenadora médica dos projetos de acesso em Chagas para a América Latina na DNDi
- Alfonso J. Rodríguez Morales, da Sociedade de Infectologia

Durante o debate, os participantes destacaram as barreiras que impedem ou dificultam o acesso ao diagnóstico e tratamento e a necessidade de ampliar os esforços intersetoriais. “Desde 2015, construímos juntos um caminho para ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento nas comunidades afetadas. Realizamos um seminário sobre barreiras, com participação direta dos pacientes. Começamos com um projeto-piloto, mas ele precisa ser ampliado e oficializado. Onde há uma necessidade, há um direito — e esse direito precisa ser garantido.”, reforçou Andrea Marchiol.
Para o Ministério da Saúde, o objetivo é, em 10 ou 15 anos, eliminar a transmissão congênita da doença de Chagas como problema de saúde pública. “Já estamos alcançando indicadores promissores. É fundamental seguir avançando para garantir o direito à saúde às pessoas afetadas. Esse caminho, construído em parceria com a DNDi, tem nos permitido reduzir desigualdades”, destacou Mauricio Vera em sua fala.
O filme também foi exibido no dia seguinte (21/5) para uma plateia de cerca de 50 profissionais de saúde presentes no Instituto Nacional de Saúde (INS) da Colômbia para a cerimônia de anúncio das recomendações para o uso de testes rápidos para o diagnóstico da doença de Chagas.
Exibição no Hospital Eduardo Arredondo Daza
Ainda no dia 21 de maio, o filme foi exibido no Hospital Eduardo Arredondo Daza, em Cesar, Valledupar, para um público de cerca de 20 pessoas, incluindo profissionais de saúde, professores, pacientes e indígenas de comunidades da Sierra Nevada. A discussão foi centrada na importância do diagnóstico precoce, do atendimento humanizado e da formação de profissionais de saúde com enfoque intercultural.
“As intervenções precisam acontecer dentro dos territórios. Hoje, a doença de Chagas é um problema de todos. É preciso sensibilizar as pessoas sobre o que é a doença e como ela é transmitida. Eu não sou indígena, mas trabalho com povos indígenas desde 2015. Estou sensibilizada e, por isso, sempre peço o teste de Chagas quando uma pessoa está grávida, por exemplo.”, explicou a enfermeira Maria Carolina.

Exibição em Machín
A última exibição foi realizada no local onde documentário foi gravado: em Machín, nas montanhas da Sierra Nevada de Santa Marta, junto à comunidade Wiwa. Cerca de 100 pessoas participaram da sessão ao ar livre, incluindo moradores e profissionais de saúde que trabalham com estes povos. As pessoas que participaram das filmagens puderam se ver na tela do projetor e avaliar o resultado do trabalho de elaboração do vídeo.
Após a exibição a comunidade discutiu a importância das ações para aumentar o acesso ao diagnóstico precoce e o tratamento de Chagas. O líder comunitário Victor José Loperena compartilhou seu relato: “O tratamento não é fácil, porque para nós, indígenas, tomar um remédio atrás do outro não faz parte da nossa prática. Conversei com o Mamo [guia espiritual dos wiwas] para poder receber o tratamento, e ele me disse que eu poderia tomar. Segui as orientações tanto do Mamo quanto dos médicos, exatamente como me foi indicado. Desde então, tenho me sentido mais forte. Hoje ando, vivo, corro, caminho por toda parte.”

