DNDi marca presença no Medtrop 2024 com lançamento do programa Open Chagas e participação em sete palestras

DNDi marca presença no Medtrop 2024 com lançamento do programa Open Chagas e participação em sete palestras

Representantes da organização compartilharam experiências em tratamentos sobre Chagas, leishmaniose e dengue em oficinas e mesas redondas.

Entre os dias 22 e 25 de setembro, a DNDi esteve presente no 59º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2024), em São Paulo. O tema deste ano foi Saúde Única e explorou a interconexão e interdependência entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental. A DNDi esteve representada por seis especialistas em mesas de discussões e presente no espaço de exposição, onde dividiu um estande com Médicos Sem Fronteiras. O Congresso contou com a participação de cerca de 3 mil participantes vindos de todos os estados do Brasil e de outros países.

Para aproveitar a presença da comunidade científica no evento, a DNDi lançou o Open Chagas, programa que visa construir e fortalecer a colaboração entre pesquisadores que estão trabalhando com novas moléculas com potencial para atuar contra a doença de Chagas. A ideia é que pesquisadores submetam suas pesquisas na plataforma e recebam feedback gratuito de especialistas sobre o trabalho. “Queremos mapear estes pesquisadores latino-americanos que estão trabalhando no tema para conseguir desenvolver parcerias e, assim, aprimorar a pesquisa em regiões endêmicas”, apresentou Luiza Cruz, coordenadora de Drug Discovery da DNDi, durante uma mesa redonda.

Doença de Chagas

Andrea Marchiol, gerente do Projeto de Acesso de Chagas, Rafael Herazo, ponto focal de Chagas na Colômbia, e Maria Jesus Pinazo, diretora de Chagas, apresentaram experiências da DNDi com diagnósticos, manejo clínico e regulação de medicamentos para Chagas.

Andrea‍ falou sobre a evolução do diagnóstico sorológico da doença de Chagas na Colômbia, abordando a transição do laboratório para o ponto de atendimento (PoC, em inglês). Marchiol enfatizou a necessidade de desenvolver algoritmos de diagnóstico mais simples, já que os atuais exigem testes complexos e infraestrutura mais robusta que muitas vezes não está presente no atendimento primário. Ela destacou a importância de recomendações técnicas para garantir um acesso mais equitativo, incluindo a padronização de protocolos para avaliação de desempenho, definição de algoritmos de referência e ferramentas automáticas de leitura para reduzir erros. Também abordou a importância de um plano de incidência para o registro de testes rápidos (RDTs) para garantir uma produção contínua e acessível, e a sua inclusão no Fundo Estratégico da OPAS.

O médico Rafael Herazo abordou em sua mesa os avanços e desafios enfrentados no tratamento da doença na comunidade indígena Wiwa, um dos quatro povos que moram na Sierra Nevada de Santa Marta, na Colômbia. A soroprevalência entre essa população varia de 3% a 47% em adultos e de 1% a 24% em crianças, evidenciando a urgência de intervenções eficazes. Herazo enfatizou que a cosmovisão indígena não deve ser vista como uma barreira, mas como uma oportunidade para combinar saberes tradicionais com a medicina ocidental. Entre os desafios enfrentados estão a falta de treinamento adequado para o pessoal de saúde, a escassez de equipamentos técnicos nas áreas rurais e a dificuldade de comunicação entre medicina tradicional e ocidental. “Com a liderança da organização Wiwa e Dusakawi IPSI/EPSI avançamos na implementação de uma rota de cuidado intercultural. Até agora, as intervenções resultaram em aproximadamente 1.365 pessoas que tiveram acesso ao diagnóstico em Valledupar e San Juan de Cesar”, disse em sua apresentação. Para ele, a abordagem intercultural foi fundamental para o sucesso das intervenções.  “É necessário sistematizar a perspectiva intercultural nas intervenções e treinar profissionais de saúde para harmonizar as práticas biomédicas e tradicionais”.

Ao lado de Javier Sancho, da Global Chagas Coalition, Maria Jesus moderou uma mesa sobre os principais desafios de registro e produção de medicamentos para Chagas nos países da América Latina. A discussão contou com a presença de representantes das produtoras de medicamentos do Brasil, Farmanguinhos e  do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE); a fundação científica da Argentina, Mundo Sano; a farmacêutica Novartis; a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a Associação de Portadores da Doença de Chagas de Goiânia. O grupo de panelistas elaborou uma lista de recomendações que será enviada às autoridades brasileiras para melhorar o acesso ao tratamento de Chagas. Saiba mais sobre as recomendações propostas aqui.

Leishmaniose visceral

Outro destaque do MedTrop foi a oficina que abordou os desafios da leishmaniose visceral (LV) em pacientes vivendo com HIV. As discussões, contaram com pesquisadores, especialistas, representantes do Ministério da Saúde, OMS, OPAS e DNDi, representada por Glaucia Cota e Joelle Rode, ambas do Programa de Leishmanioses. Os debatedores abordaram temas que foram das dificuldades no diagnóstico até os desafios do tratamento, prioridades de pesquisa e as tendências epidemiológicas que afetam políticas públicas. Os pontos de destaque da discussão foram a baixa sensibilidade dos testes baseados em sorologia e a evolução dos pacientes com recorrências frequentes que exigem, além de recomendações de manejo específicas, incentivo para pesquisas para responder a esses desafios.

A discussão se aprofundou em outra sessão sobre avaliação crítica do uso de combinações de medicamentos para tratar a co-infecção LV-HIV, uma prática já adotada em outras partes do mundo, mas que ainda não está recomendada no Brasil. A combinação de medicamentos foi discutida como uma estratégia para melhorar os resultados clínicos, mas exigirá uso criterioso e monitorado.

Ambas as sessões culminaram em uma recomendação: é essencial financiar e implementar estudos prospectivos de coorte em LV. Esses estudos são fundamentais para gerar evidências locais robustas e, simultaneamente, fortalecer a rede de assistência na identificação e manejo oportuno dessa condição crítica. A implementação de tais estudos não apenas contribuiria para a melhoria das práticas clínicas, mas também para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes, adaptadas às necessidades específicas do Brasil.

Dengue

André Siqueira, diretor do programa global de dengue na DNDi, apresentou a Aliança Global para o Controle da Dengue, um esforço colaborativo internacional para desenvolver e implementar estratégias eficazes para tratamento da dengue. A Aliança reúne organizações de saúde pública, instituições de pesquisa, governos e a sociedade civil do Brasil, Tailândia, Índia e Malásia.  Ele chamou a atenção para a necessidade de investimentos em estudos clínicos e pré-clínicos por parte de agências financiadoras e companhias farmacêuticas.

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